Complementares, as duas emoções caminham juntas – ou não.
Embora possam ser confundidas, há grandes diferenças entre reconciliação e perdão. Eu diria até, que existe uma distância entre elas. Mesmo acreditando que as duas poderiam caminhar juntas, preciso evidenciar as suas particularidades.
O perdão é interno. É uma decisão/sentimento/ação solitária, um processo interior que passa pela etapa de conversar conosco, com a nossa própria força. Independe de qualquer pessoa ou coisa fora da nossa própria consciência e emoção. Esse processo nos distancia do que está fora, nos coloca em outro lugar, onde podemos (e devemos) ver o que está por dentro de nós.
Minha escolha
Para que eu perdoe alguém, não preciso dessa pessoa. Nem da presença dela, muito menos do seu pedido ou consentimento. Apenas deixo o perdão acontecer através desse processo interior.
Para ilustrar esse processo, vou usar um exemplo: imagine que alguém pisou no seu calo. Literalmente ou não. Para perdoar essa pisada, você não precisa da pessoa que pisou: precisa do processo de perdão. Muitas vezes, as pessoas recorrem à uma força mágica, a uma ajuda divina para perdoar porque, realmente, não é um processo fácil.
Porque não é só esquecer a pisada – e a dor que ela causou. Não é só desculpar o passo equivocado, fazer de conta que não aconteceu. Perdoar é lembrar do ato, do sentimento, da emoção e, mesmo assim, não sofrer mais por causa disso. Doeu naquela hora mas eu não sofro mais, eu não carrego mais aquela dor inicial como um processo diário. Então eu perdoo. Não é que eu esqueço, mas eu entendo e não dói mais em mim.
Nossa decisão
Já, para a reconciliação, precisamos do outro. Porque a reconciliação significa conciliar, de novo, as vontades, necessidades e anseios de duas pessoas. Independentemente do tipo de relacionamento que elas tenham.
Voltando ao exemplo da pisada no pé, no calo: você sente a pisada, vai conversar com a pessoa que pisou para entender as circunstâncias, motivos e razões que a levaram a isso. Em seguida, vai ponderar sobre a conversa, perdoar e, nesse momento, decidir se mantém ou não o relacionamento.
De mãos dadas
Existe uma grande diferença entre o perdão e a reconciliação.E o principal ponto que eu gostaria de abordar nesse texto, baseada na minha experiência como Coach de Relacionamento é: no amor, muitas pessoas se reconciliam sem ter perdoado de verdade. E, mesmo não sendo errado, não é legal quando as duas coisas – o perdão e a reconciliação – não acontecem juntas.
Quando um dos dois não flui naturalmente, pode existir uma sensação de vazio, de tristeza, de raiva ou rancor.
Emoções e sentimentos que nos impedem de caminhar adequadamente. Pense bem: vale a pena fazer de conta que a dor da “pisada” deixou de continuar trilhando a sua jornada, tendo essa dor como uma sombra? Ou é melhor parar um pouquinho, tirar o tênis, massagear os pés e esperar o pé sarar antes de prosseguir?
Independentemente da sua resposta, é importante saber a diferença entre os dois, perdão e reconciliação. Conhecendo-os fica mais fácil alcançá-los.
Miria Kutcher